Eis aqui uns excelentes votos de Ano Novo que me
sinto na obrigação de divulgar:
Paulo Ferreira
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Votos
Intervir com eficácia, isto é, pertinência, no mundo contemporâneo, é, antes
de tudo, estar informado. Ninguém está informado sozinho, porque informação
e comunicação estão interligadas. Nós pensamos, sentimos, vivemos, e
eventualmente criamos, num mundo dialógico, numa ecologia que favoreça e
estimule a troca de ideias e de experiências, e que facilite o acesso
crítico à informação.
Tudo se acelerou e fragmentou, tudo nos desvia da reflexão pessoal e do
tempo de intercâmbio intenso com os outros, bases para a criação de uma
comunidade verdadeiramente estimulante. Isto é, onde cada um dos
participantes, sem receio por hierarquias, se sinta capaz de emitir juízos e
de expressar preocupações e de cotejá-los com os dos outros.
A maior parte das pessoas não lê. É verdade que há muitas outras fontes de
informação, que a experiência prática é primordial, que estamos na sociedade
da imagem, etc. Mas, sem estudo aprofundado e sem a capacidade de cotejar
os seus resultados com outros, asfixia-se na mediocridade e na mediania. Sem
se estudar certos textos referenciais não se consegue formular nada de sério
- apenas opiniões inconsequentes. A Internet de banda larga é fundamental,
mas o livro não tem ainda substituto, sobretudo se for discutido em grupo,
em clima de aprendizagem mútua, activa, e não em isolamento.
A batalha do conhecimento - com todas estas componentes - é a principal
batalha do nosso país para sair do subdesenvolvimento. Criação de
auto-estima e de um ambiente propenso a premiar os melhores, dando cada vez
mais a um maior número de pessoas a possibilidade de estar entre esses
melhores, fora da mesquinhez dos compadrios, e das exclusões de toda a
ordem, que se têm acentuado. Favorecendo o espírito crítico.
Premiar o esforço numa sociedade do “deixa andar é o nosso maior desafio.
Numa altura em que estamos perto de eleger o símbolo do país, ou seja, o
Presidente da República Portuguesa, é essa a mensagem que deixo aos que
comigo dialogam por este meio.
Abandonem a pequenez das pequenas lutas e apontem (apontemos todos e cada um
de nós, pelo nosso exemplo) um rumo ao país. Um rumo simbólico, porque o
Chefe de Estado não governa? Sem dúvida, mas precisamente por causa disso
muitíssimo iumportante. Porque vivemos numa sociedade onde os signos, isto
é, aquilo que representa algo que não eles próprios, têm uma importância
fundamental. Mesmo económica. A força de vontade, reanimando energias
globais, criando sinergias, é o que leva para a frente. Como em qualquer
outra esfera, quem só pensa na economia nem de economia sabe. Porque não
percebeu que ela, por si só, não é nada! É preciso uma cultura mais global,
uma visão mais abrangente, um prestígio internacional muito grande. E não
estou com isto a fazer propaganda a ninguém em especial, em detrimento de
outrém.
Estou apenas motivado em chamar a atenção para a importância de todos
votarmos e, sobretudo, de começarmos já hoje, cada um de nós, a votar em si
próprio, quer dizer, em arrancar forças em si mesmo e naqueles com quem
convive para tirarmos Portugal da depressão. Não há nenhum chefe para nos
salvar.
Viva o nosso presente, que é o que de mais seguro temos. Mas, por favor, um
presente não apenas consumado e consumido no consumismo natalício dos perús,
das rabanadas e dos pais natais - um presente com ambições. Um presente com
sentimentos fortes, e sem sentimentalismos nem efusões artificiais. Um
presente de confiança e de esperança. Um presente caloroso, com pessoas e
paisagens belas e felizes.
Votos de feliz 2006 para si.
Pode divulgar esta despretenciosa mensagem por quem quiser, desde que
indique sff quem a escreveu.
Dezembro de 2005
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Vítor Oliveira Jorge
Prof., Univ. Porto
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